Suspensão das aulas na Copa do Mundo pode incentivar a exploração sexual e o trabalho infantil

O fechamento das escolas durante o período dos jogos da próxima Copa do Mundo no Brasil pode provocar o crescimento da comercialização sexual de crianças e adolescentes, como ocorreu na África do Sul, onde houve também aumento do trabalho infantil. Este é um dos alertas do gerente de programas da Childhood Brasil, Itamar Gonçalves, durante a mesa de debates “Como a não garantia dos direitos de crianças e adolescentes compromete a educação de qualidade?”, promovida no 7º Congresso GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), no dia 28 de março, em São Paulo. De acordo com o pesquisador, é preciso pensar desde já ações para se preparar para a chegada de estrangeiros durante os grandes eventos esportivos daqui a dois anos. Um dos grandes desafios é desenvolver projetos de prevenção e enfrentamento da exploração sexual infantojuvenil, principalmente para as doze cidades onde serão realizadas as partidas de futebol.

 

No evento, Itamar abordou o tema “Intersetorialidade, protocolos e outras possíveis soluções” e destacou a necessidade de um documento oficial que serviria como a diretriz para todas as escolas do País, contendo o passo a passo do que os profissionais de educação e a
comunidade devem fazer nos casos de abuso sexual infantil. Ele explica que os professores, diretores e funcionários têm dificuldade para saber qual o seu papel quando os alunos são vítimas de violência sexual.
O especialista lembra que muitos educadores evitam tocar no assunto e até escondem a situação por não saberem como lidar com o problema. “Eles devem ser melhor orientados também para preservar a identidade da criança, porque não há necessidade de toda a escola saber do caso”, afirma.
Em sua avaliação, para ajudar os alunos, os professores devem saber que podem contar com uma rede formada pela direção da escola, as delegacias e os conselhos. Além disso, precisam saber que a denúncia e o apoio à criança vítima de abuso, são o primeiro passo para a garantia de que ela se desenvolva plenamente.

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