Safernet alerta para golpe internacional de falsas agências de modelo
Levadas pelo sonho de brilhar nas passarelas e se tornar uma futura Gisele Bündchen, muitas meninas acabam sendo comercializadas sexualmente em outros países e nunca mais conseguem retornar para suas casas. Este é o alerta de Caio Almeida, coordenador de TI da Safernet, instituição que há cinco anos promove o uso ético e responsável da internet no Brasil. Ele discutiu o assunto durante o debate sobre prevenção do abuso online de crianças e adolescentes promovido em parceria pela Childhood Brasil e a revista Capricho, no dia 23 de setembro último, na pré-estréia do filme Confiar, que aborda o abuso sexual de uma adolescente de 14 anos.
Segundo o especialista, o Ministério Público tem recebido várias denúncias de falsas agências de modelo na internet que prometem trabalho e fama para as garotas trabalharem em países distantes como Emirados Árabes e as Ilhas Cayman. Eles aproveitam-se da vulnerabilidade das adolescentes, normalmente vindas do Nordeste, pedindo fotos sensuais. Depois, elas são levadas para o exterior, onde têm o passaporte retido e são impedidas de voltar. O caso é chamado na polícia de “Ficha Rosa” de garotas. “As meninas sem perspectivas em sua região vão em busca de um sonho e acabam virando prostitutas e escravas fora do país”, afirma Caio Almeida.
A indústria da exploração sexual e do tráfico de pessoas atua em sites suspeitos, hospedados em outros países, difíceis de serem rastreados. Há muitos agenciadores e abusadores sexuais de crianças e adolescentes que usam serviços anônimos.
Segundo Caio, o cuidado deve ser redobrado antes de encontrar com pessoas com as quais se conversa apenas na internet, porque é um risco muito grande. Ele cita, como exemplo, o caso de duas garotas na Bahia que marcaram de sair com rapazes que conheceram na internet. Ficaram três dias com eles e nunca mais voltaram, porque acabaram sendo assassinadas. “É muito importante promovermos discussões e levarmos informação para prevenir os adolescentes destas situações”, afirma.
O evento contou também com a participação de Ana Maria Drummond, diretora executiva da Chilhood Brasil; Renata Libório, psicóloga da Unesp e organizadora do livro “A exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil”; Neide de Oliveira, procuradora do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e integrante do Grupo de Combate aos Crimes de Divulgação de Pornografia Infantojuvenil e Racismo na Internet, a editora de comportamento da revista Capricho, Tâmara Forresti e a estudante Anne Beatrice Drewes, que desenvolve projeto de internet segura no colégio Porto Seguro em São Paulo.