Psicanalista lança livro sobre a violência sexual na infância
Lançamento espera capacitar profissionais a entender melhor o universo infantil diante dessa violência. A obra, apoiada pela Childhood Brasil, é uma coedição da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Clínica Psicanalítica da Violência.
A publicação bilíngue detalha de forma didática os caminhos psíquicos da criança e do adolescente vítima da violência sexual. Editada pelo selo Imprensa Social da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Clínica Psicanalítica da Violência, a obra conta com apoio da Childhood Brasil, que há 11 anos trabalha pela proteção da infância contra o abuso e a exploração sexual.
O livro afetosecretos – o vocabulário apresenta 110 conceitos psicanalíticos inspirados em imagens, desenhos, sons e palavras, de um universo sombrio expressado por crianças e adolescentes no percurso traumático que sofreram ou ainda sofrem. Está baseado na análise de mais de 3 mil casos de violência sexual tratados na Clínica Psicanalítica da Violência, dirigida por Graça Pizá. “Esse estudo permitiu reconstruir uma grande diversidade de situações clínicas que surgiram dos sonhos pesquisados, com extraordinária riqueza de imagens e palavras”, diz a psicanalista.
Segundo Pizá, alguns desses conceitos foram adaptados da teoria de Freud e Lacan; outros foram criados por ela e são neologismos que nomeiam as oscilações afetivas do incesto. “A riqueza desses conceitos foram trabalhados com base nos principais estudos freudianos relacionados com o incesto e o impacto afetivo que a violência do trauma sexual produz no psiquismo infantil”. Segundo a autora eles representam não apenas as expressões da fantasia e do desejo inconsciente infantil, mas, fundamentalmente, um vocabulário próprio da linguagem do trauma sofrido.
O filme afetosecretos, que acompanha a publicação, teve sua pré-estréia no Rio de Janeiro em agosto de 2009. Apresenta os segredos do incesto que surgem nos sonhos de uma menina-mulher, quando seus conflitos inconscientes revelam a violência silenciosa que a transforma em fetiche. Utiliza a linguagem onírica, a partir do relato de 22 sonhos, para tratar com arte e delicadeza o tema do incesto. As falas (versadas em seis idiomas) da personagem principal menina-mulher e da personagem Psique, o seu inconsciente, juntamente com as metáforas visuais utilizadas, revelam o afeto da criança e o universo secreto do incesto.
Os objetos que aparecem no filme e retratam esse percurso, como a bolha, a escada e as máscaras são símbolos que refletem os estados emocionais da criança inserida no perverso cenário afetivo. “Os grandes planos e os objetos permitem ao espectador sentir o movimento do afeto se inscrevendo na tela, quando a voz, o olhar, a sombra e a luz captam as imagens dessa violência invisível e silenciosa”, explica a autora.
“É uma iniciativa inovadora e extremamente alinhada com o momento atual em que, aos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a sociedade começa a ver meninos e meninas como pessoas em fase especial de desenvolvimento, inclusive no âmbito sexual”, afirma Ana Maria Drummond, Diretora Executiva da Childhood Brasil. “Compreender como a criança e o adolescente entendem uma agressão incestuosa é um passo importante para a qualificação do atendimento a essas vítimas”, completa.
Sobre a Childhood Brasil
Braço brasileiro da World Childhood Foundation, criada por S. M. Rainha Silvia da Suécia, a Childhood Brasil foi fundada em 1999 e tem sede em São Paulo. Seu foco de atuação é a proteção da infância contra algumas das piores formas de violência: o abuso e a exploração sexuais. A organização desenvolve programas próprios, de abrangência regional ou nacional. São programas que informam a sociedade, capacitam diferentes profissionais, fortalecem redes de proteção, disseminam conhecimento e influenciam políticas públicas, contribuindo para transformações positivas e duradouras para a causa. Em paralelo, apoia projetos desenvolvidos por outras ONGs em comunidades, fomentando experiências inovadoras de intervenção e contribuindo para o desenvolvimento de organizações de base. Confira o relatório de atividades 2008/2009 no site www.childhood.org.br.
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