Professores da rede municipal aprendem a notificar casos de violência em Pernambuco

Muitos professores e diretores de escola ainda não notificam casos de violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes, por falta de informação ou por se sentirem desamparados de uma rede de proteção. Segundo a coordenadora de programas da Childhood Brasil, Gorete Vasconcelos, alguns educadores suspeitam da ocorrência do problema entre os alunos, mas não chegam a formalizar a denúncia por desconhecerem a obrigatoriedade da notificação ou se sentirem ameaçados e/ou vulneráveis. “Ainda prevalece a comunicação verbal dos casos de violência, o que contraria a legislação e dificulta a ação dos órgãos competentes na intervenção e encaminhamentos dos casos”, diz.

Para transformar esta situação e ajudar os educadores a lidar com a violência sexual, o projeto Laços de Proteção, do Programa Proteção em Rede, da Childhood Brasil, há dois anos, atua em Pernambuco, levando ações estratégicas como cursos de formação continuada para educadores e agentes do Sistema de Garantia de Direitos. O objetivo é envolver profissionais de diferentes áreas no processo de enfrentamento à violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes, para que todos trabalhem juntos em uma rede articulada.

Entre os temas abordados nas capacitações estão: família, infância e juventude, sexualidade, violência, notificação, Sistema de Garantia de Direitos, políticas públicas, cuidado com o profissional, dentre outros. Os cursos auxiliam os profissionais a expandirem seus conhecimentos a respeito dos órgãos de denúncia. “No final da formação é comum os profissionais dizerem que passaram a compreender melhor e a ter um novo olhar sobre as situações de violência antes ignoradas”, diz Gorete.

Em Pernambuco, o Laços de Proteção desenvolve a capacitação de profissionais da rede municipal de educação em sete cidades do litoral sul e em dois municípios de Zona da Mata. O objetivo é que exista um alinhamento dos conceitos e metodologias sobre a violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes, para a prevenção, a notificação e o encaminhamento dos casos. Nestas regiões, foram realizados 14 cursos para os profissionais da área de educação e nove oficinas para o Sistema de Garantia de Direitos em Pernambuco, para 977 profissionais dos Conselhos de Direitos e Tutelares, Saúde, Educação, Ministério Público, Poder Judiciário, sociedade civil organizada e secretarias municipais.

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