Pesquisa mostra os riscos de violência sexual contra crianças e adolescentes durante grandes eventos esportivos
Para prevenir o problema, o Brasil já desenvolve uma série de iniciativas, algumas delas sob a responsabilidade ou com a participação direta da Childhood Brasil. Clique aqui para conhecer o que está sendo feito e saber como você pode ajudar a ter um Mundial de Futebol livre de qualquer tipo de violação de direitos.
Do ponto de vista da infância e da adolescência, o momento é delicado. A pesquisa da Brunel mostra isso. Essa pesquisa foi solicitada pela Fundação OAK e pela Childhood Brasil, para buscar informações e experiências de outros países. Concluída em 2013, a pesquisa foi apresentada pela primeira vez no Seminário “Proteção à Infância e Copa do Mundo 2014”, organizado pela Childhood Brasil, em Brasília, em junho de 2013.
A pesquisa aponta oito principais fatores de risco que precisam ser considerados para prevenir ou evitar que se agravem as situações de vulnerabilidade, principalmente nas cidades-sedes dos jogos:
• Ritmo acelerado de construções, com a chegada de um contingente alto de homens separados de suas famílias, o que pode estimular a exploração sexual;
• Alta demanda de trabalhos temporários;
• Migração de trabalhadores homens para obras de infraestrutura: construções, reformas, ampliações etc.
• Deslocamento de crianças dos seus lares para locais temporários e desconhecidos;
• Extensão das férias escolares ou suspensão de dias letivos – por conta dos jogos – sem supervisão ou programação especial.
• Coerção sobre crianças para atividades ilegais, como venda de drogas e roubo;
• Níveis elevados de abuso sexual e físico por conta do aumento de atividades festivas;
• Efeitos negativos na saúde física e mental das crianças, causados por doenças contagiosas, caso sejam abusadas ou forçadas a usar drogas
Intitulada “Exploração de crianças e adolescentes e a Copa do Mundo: uma análise dos riscos e das intervenções de proteção”, a pesquisa foi realizada em 2013 pelo Centro de Esporte, Saúde e Bem-Estar da Brunel University London. Para chegar aos dados, foram ouvidos mais de 70 especialistas de ONGs (incluindo a Childhood Brasil), organizações esportivas e órgãos públicos. Também foi realizado um amplo levantamento na literatura especializada, com a análise de estudos de caso e de medidas adotadas para proteger crianças e adolescentes durante grandes eventos esportivos.
Experiências anteriores
Além dos fatores apontados acima, outro ponto importante foi a observação do Mundial da África do Sul, realizado em 2010. Constatou-se que os casos de violência contra crianças e adolescentes estiveram diretamente ligados às condições socioeconômicas das cidades ou das proximidades das cidades que sediaram jogos: altas taxas de crime, desigualdade econômica, falta de leis contra o tráfico de pessoas, afrouxamento dos controles de vistos durante o evento e a falta de experiência em sediar grandes eventos esportivos.
Transposta para a realidade brasileira, nem tudo o que se viu na África do Sul se encaixa, mas há fatores que precisam ser considerados. Um dos principais é a desigualdade econômica e a violência que caracteriza, em maior ou menor grau, determinados bairros das cidades-sedes.
A pesquisa aponta uma série de caminhos para prevenir ou enfrentar situações de violações de direitos de crianças e adolescentes. Caminhos que já estão sendo considerados, em maior ou menor grau, pelas ações atualmente em curso, nas cidades-sedes dos jogos:
• Programas para combater o tráfico de pessoas com efeito sobre as crianças;
• Estratégias de enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes;
• Intervenções de advocacy para tratar do tema.
A pesquisa ressalva que existe, no mundo, uma crônica ausência de dados sobre violência sexual contra crianças e adolescentes. Mas deixa claro que isso não é motivo para deixar de lado ações que são comprovadamente eficientes. Clique aqui para ler a íntegra da pesquisa da Brunel University London.