Perfis falsos de famosos em redes sociais são armadilhas para o abuso online

Encantadas com seus ídolos, crianças e adolescentes acabam podem tornar-se alvo dos falsos perfis de celebridades criados na internet por abusadores. No mês de maio, a polícia norte-americana descobriu que um homem de 31 anos nos Estados Unidos se passava pelo cantor Justin Bieber, ídolo teen, para abordar suas fãs e abusá-las via internet.

As vítimas, com idades entre nove e 16 anos, eram persuadidas a enviar fotos seminuas e depois eram ameaçadas se o desobedecessem.  Um mês antes, um canadense, de 34 anos também havia sido preso, por se passar pelo cantor.

No Brasil, o problema também tem ocorrido. Apesar de muito familiarizadas com o universo virtual, algumas leitoras da revista Capricho, da Editora Abril, por exemplo, começaram a reclamar que estavam recebendo ameaças de modelos, que participam de uma seção especial da publicação, chamada de “Colírios”.

A equipe da publicação apurou que eram homens se passando pelos “colírios”. Para evitar novos casos e sensibilizar as leitoras para o tema, a equipe criou no final do ano passado a campanha Internet sem Drama em parceria com a Childhood Brasil, com dicas sobre como navegar com segurança. “Nosso alerta é bastante simples: não se exponha e não revele informações pessoais para estranhos nas redes sociais”, diz o editor-chefe da Capricho, Thiago Theodoro. “Duvide sempre de quem está do outro lado e se proteja”.

Ele ressalta que como hoje a leitora está na internet todo o tempo – no laptop, no celular e no computador – os pais não devem proibir, mas participar e conversar sobre os perigos do mundo virtual.

Hoje, a internet faz parte da rotina das crianças e adolescentes, sendo que 91% delas participam de alguma rede social; 81% baixam, trocam e ouvem música e 79% batem papo online, de acordo com a pesquisa Kids Experts 2011. No entanto, 70% das meninas (de 10 a 14 anos) não se sentem seguras na internet, principalmente devido ao roubo de senhas, perfis falsos e softwares com vírus, segundo pesquisa da Plan Brasil e Parceria para Proteção da Criança e do Adolescente.

Childhood Brasil atua neste tema desde 2005, para prevenção do abuso on-line e da pornografia infantojuvenil na rede. Entre outras ações, lançou a cartilha educativa Navegar com Segurança, disponível para download aqui, apoiou a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos – www.denunciar.org.br e vem realizando campanhas e ações de formações de pais, professores e jovens, em parceria com empresas e secretarias de educação.

“É fundamental enxergar o espaço virtual como parte do mundo real, ou seja, devemos tomar os mesmos cuidados dentro e fora da rede”, diz Anna Flora Werneck, coordenadora de programas da Childhood Brasil. “O anonimato nas relações online não passa de um mito. É necessário dosar a divulgação de dados e imagens para não se colocar numa situação de vulnerabilidade, os atos virtuais têm consequências bem reais”, completa. Além da campanha Internet Sem Drama, em apoio à estréia do filme Confiar, a Childhood Brasil e a revista Capricho promoveram em 2011, um debate sobre a prevenção do abuso online de crianças e adolescentes.

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