ONG forma educadoras sociais e ajuda no desenvolvimento de jovens mulheres da zona canavieira de Pernambuco
Quando entrou para a Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam), aos 14 anos, Lucicleide Maria da Silva era uma menina tímida, com muito medo de falar com as pessoas. Na época, ela estudava no período da manhã e depois da aula frequentava as oficinas de áudio da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam), a 65 km da capital de Pernambuco.
Hoje, dez anos depois, ela conta com orgulho que é locutora da Rádio Alternativa FM, no programa da manhã. Neste espaço ela gosta de tocar as músicas preferidas pedidas pelos cerca de 12 mil ouvintes e ler mensagens de otimismo e motivação. O objetivo deste projeto da Amunam é discutir e priorizar os problemas locais da população, estimulando a reivindicação de direitos.
Lucicleide conta que antes de ser locutora já aprendeu de tudo um pouco na Amunam – a ser telefonista, recepcionista, mexer na internet e ser produtora de programas educativos. Hoje, ela está também fazendo curso de socorrista na área de enfermagem e tem projetos de fazer uma faculdade na área de comunicação. Mas sua grande paixão mesmo é tocar e dançar no chamado grupo do terno do Maracatu, único do país formado por mulheres. “Hoje gosto de passar minha experiência para as outras meninas que estão entrando no projeto, dizendo que elas têm tudo para crescer”, afirma Lucicleide.
Sua colega, Roberta Lopes, de 25 anos, comemora ter realizado o sonho de ser educadora social, mas considera que sua maior vitória foi melhorar sua autoestima e segurança, a partir do apoio recebido na instituição. Ela conta que, quando foi levada pela mãe ao projeto, era muito agressiva e não sabia demonstrar carinho, mas aos poucos foi mudando ao fazer os cursos de dança, capoeira, cidadania e sexualidade. “Na ONG, me ensinaram a falar em público, a ser carinhosa e dizer “te amo” sem vergonha”, afirma. “Tenho orgulho de dizer que a Amunam é minha vida, porque antes eu não tinha perspectivas e eles me abraçaram e me ajudaram a ver que sou uma pessoa de valor e posso fazer várias coisas”.
Jovens como Lucicleide e Roberta participam de projetos da Amunam como o Mulheres da Paz, que visa formar educadoras sociais e colaborar para a redução dos índices de violência e criminalidade em bairros mais vulneráveis de Pernambuco. O curso com parceria do governo do estado, Ministério da Justiça e escolas públicas, já foi oferecido para cerca de mil mulheres que recebem um auxílio financeiro para serem multiplicadoras entre os jovens de sua comunidade. Entre os temas abordados está a violência doméstica e as drogas.
Outro projeto de destaque é o Chapéu de Palha, voltado para mulheres da zona canavieira. Promove ações para o desenvolvimento da leitura instrumental como pré-requisito para a qualificação profissional e leva informações sobre previdência social, reforma agrária e temas voltados para a assistência social. “Levamos informações para fortalecê-las, porque geralmente não valorizam o seu espaço”, afirma a coordenadora e fundadora do Amunam, Eliane Rodrigues. “Desde a infância, elas precisam ser preparadas para o mundo e saber mostrar o que elas têm de melhor”.