Nadadora incentiva que pais ensinem diferença entre carinho e abuso
Como você acha que as pessoas podem ajudar a prevenir e enfrentar o problema?
Começa pelos pais, no processo de educação. Infelizmente, têm que alertar a criança desde cedo sobre o problema, com muito cuidado. Ensinar as partes do corpo que podem ser tocadas, onde não pode, até onde é carinho e onde começa o abuso, porque é difícil separar. A criança não tem maldade, confia no adulto e o abusador conquista essa confiança da criança e da família. A Justiça tem que ser mais severa, o depoimento da criança, do adolescente ou do adulto abusado 10, 20, 30 anos depois tem que valer. Se não consegue prender o acusado, que ao menos seja feita uma investigação, porque um abusador não pára em uma única vítima.
Em maio de 2011, você encabeçou a campanha Proteja Nossas Crianças, em Belo Horizonte, no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes, como voluntária na distribuição de panfletos. Qual a importância de participar de programas como esse?
Eu sinto que fazer parte de qualquer projeto em prol dessa causa é uma forma de colaborar com os outros e me ajudar também, traz sentido para minha vida. Eu nunca entendi porque tinha sido abusada sexualmente, mas hoje compreendo. Eu me tornei pública para poder mostrar a todos que este problema é mais freqüente do que se imagina e independe de classe social. Portanto, posso transmitir essa mensagem a tantas outras pessoas. Formamos uma corrente do bem, de uma luta árdua porém, com esperança.
Que orientação você daria para os diretores de escola, professores, dirigentes de clubes e outros para evitar o abuso dentro de escolas, academias e clubes?
Analise o histórico do professor que vai contratar, converse com os pais do antigo trabalho, com as crianças, “passe um pente fino”. No começo, fique de olho, nunca deixe as crianças sozinhas com os professores. Não é preciso desconfiar de todo mundo, mas, infelizmente, alguns se aproveitam dessa proximidade e cometem atrocidades. Temos de ficar alerta para toda e qualquer mudança no comportamento da criança. Agressividade, vergonha, medo de ficar sem roupa na frente dos pais, medo de ficar só, são muitos sinais.
O que você aconselha para um menino ou menina que esteja enfrentando o mesmo problema?
Converse com seus pais, por maior que seja a vergonha, o medo de que não acreditem em você, converse, tente, se esforce para verbalizar tudo. São seus melhores amigos.
Você ainda faz terapia?
Eu parei devido aos treinos e minha rotina com a faculdade, porque não sobra tempo, mas quero retornar. Não posso pensar em ser mãe sem antes resolver tudo do meu passado. Não quero ser uma mãe super controladora, que desconfia de tudo e de todos. Quero confiar nos professores dele, quero viver em paz.