Maioria das crianças sofre abuso sexual do pai ou padrasto
Pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo revela que quatro a cada dez crianças vítimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai e três pelo padrasto. O tio é o terceiro agressor mais comum (15%), seguido de vizinhos (9%) e primos (6%). Pessoas desconhecidas representam apenas 3% dos casos.
Em 88% das violências sexuais infantis praticadas, o agressor faz parte do círculo de convivência da criança. A maioria dos casos ocorre com meninas (63,4%), vindas da capital com menos de dez anos de idade.
Foram analisados 205 casos de abusos com crianças e adolescentes de seis a quatorze anos, ocorridos entre 2005 e 2009. Em sua maioria, elas chegam ao hospital para serem atendidas, levadas por mães ou responsáveis legais. Também são encaminhados, em menor número, casos vindos de conselhos tutelares e abrigos. “A ocorrência de comportamentos pedofílicos ocorre em vários segmentos da sociedade, infelizmente, dentro de casa, com quem deveria proteger”, afirma o psicólogo e coordenador da pesquisa, Antonio de Pádua Serafim.
A maioria das agressões sexuais ocorre com meninas (63,4%), vindas da capital com menos de dez anos de idade. As vítimas recebem acompanhamento psicológico e tiveram o perfil analisado pelo NUFOR (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Forense) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.
O programa está preparado para atender as vítimas e também os agressores, mas estes nunca aparecem, segundo os pesquisadores. As crianças inicialmente são avaliadas pelos psiquiatras e psicólogos, e, em seguida entram em programa de psicoterapia individual por 16 sessões, com consultas psiquiátricas paralelas.
O psicólogo alerta que é muito importante que as mães estejam sempre monitorando os seus filhos pequenos para prevenção de abusos, porque as crianças não denunciam os agressores, mas costumam apresentar sinais como: agressividade, depressão, isolamento social e medos irracionais.
O Núcleo do Hospital das Clínicas irá desenvolver mais duas linhas de pesquisas sobre o assunto: uma avaliando aspectos neuropsicológicos das crianças que sofreram agressão sexual e a outra analisando os estilos parentais nas famílias destas vítimas.