O filme conta a história de uma menina que sofreu abuso sexual na infância e visa ampliar a discussão sobre o tema e dar voz às vítimas

Gabi é a personagem principal desse musical de 8 minutos e sua história é apresentada em três tempos: 8, 13 e 32 anos de idade. A ideia é mostrar para o público como a violência marcou a sua vida e que o problema não deixa de existir quando se escolhe não falar sobre ele – pelo contrário. 

“Uma parte importante do problema da violência sexual contra crianças e adolescentes é a falta de conversa. Precisamos ouvir as vítimas e entender que, muitas vezes, meninos e meninas se expressam para além da voz, seja por meio de gestos, desenhos, comportamentos e até mesmo com o silêncio”, ressalta Laís Peretto, diretora executiva da Childhood Brasil.

Assim como ocorre no filme, dados estatísticos alertam que o abuso sexual contra crianças e adolescentes acontece, em sua maioria, nas casas e por pessoas próximas à vítima. São milhares de meninos e meninas violentados sexualmente a cada ano por um crime que não tem classe social ou perfil único de vítima ou abusador.


Por se tratar de um tema difícil, a sociedade encara a violência sexual de crianças e adolescentes como um tabu. Quanto menos falamos sobre esse assunto, maior é o silêncio em volta dos casos. E quanto maior o silêncio, maior é o sofrimento e o impacto da violência em suas vítimas.


Com uma abordagem sensível e certeira, o filme “Eu Tenho uma Voz” tem o potencial de conscientizar a população sobre este tema, abrindo espaço para diálogo e informação. Precisamos falar e precisamos ouvir as pessoas de forma respeitosa e atenta sobre esse tema.



O primeiro passo para proteger crianças e adolescentes do abuso sexual é a informação.

O que é o abuso sexual contra crianças e adolescentes, afinal?

O abuso sexual de crianças e adolescentes é uma violência sexual. Ela acontece quando há uma relação ou jogo sexual entre um adulto e uma criança ou adolescente, com o objetivo de satisfação desse adulto e/ou de outros adultos. Pode acontecer por meio de ameaça física e/ou verbal, ou por sedução. De acordo com os dados disponíveis, a maioria dos casos, é cometido por uma pessoa conhecida da criança ou adolescente, em geral, um familiar.

Ao contrário do que muita gente pensa, o abuso não acontece só com o contato físico. Carícias, falas erotizadas, exibicionismo, voyeurismo (prazer em olhar), exibição de material pornográfico, sexo oral, dentre outros, também são formas de violência sexual.

Chamamos de abuso sexual intrafamiliar quando é cometido por alguém da família da criança ou do adolescente, e extrafamiliar quando é cometido por uma pessoa que não é da família. Mas mesmo os casos extrafamiliares são mais frequentemente cometidos por pessoas que as crianças e os adolescentes conhecem.

Embora o abuso sexual seja geralmente cometido por pessoas mais velhas, não é incomum os registros de situações abusivas entre pessoas da mesma idade ou por adolescentes em relação a crianças.

As situações de abuso sexual não envolvem pagamento ou gratificação da criança ou adolescente ou de algum intermediário. Quando isso acontece, vira exploração sexual!


No Brasil: qual o tamanho deste problema?

Um terço de toda a população brasileira são crianças e adolescentes. São quase 69 milhões de pessoas que precisam ser cuidadas e protegidas para que nenhuma forma de violência prejudique seu pleno desenvolvimento físico e emocional. Lembrando que crianças são todas aquelas de 0 a 12 anos incompletos – e adolescentes, de 12 a 18 anos incompletos.

Infelizmente, estamos falhando com eles.

Não há dados suficientes e completos para saber o tamanho real do fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil. Isso se dá tanto pela falta de integração dos dados dos órgãos responsáveis como pela imensa subnotificação das denúncias. Estima-se que apenas 10% dos casos de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes sejam, de fato, notificados às autoridades.

Ainda assim, os dados disponíveis já assustam bastante:

Nenhuma criança ou adolescente deve ser vítima de qualquer tipo de violência sexual.

Como reconhecer se uma criança ou adolescente está sendo vítima de abuso?

É importante reconhecer situações de abuso sexual para que se possa dar encaminhamento adequado para as vítimas e seus familiares, além de responsabilizar o agressor. Quanto mais cedo os casos forem identificados, maiores as chances de amenizar o trauma e as consequências sociais, psicológicas e físicas.

Ou seja, é importante ter um olhar cuidadoso para identificar os sinais de que crianças e adolescentes possam estar sendo vítimas de violência sexual. Temos uma lista de sinais que podem sugerir uma situação de violência. Mas atenção, pois a existência de um ou mais sinais nem sempre indica a violência sexual. Cabe aos órgãos encarregados da investigação apurar se houve, de fato, ou não a agressão. A nós, cabe acionar as autoridades ou órgãos competentes.

Sinais de abuso infantil incluem:

  • Mudanças bruscas de comportamento sem explicação aparente.
  • Mudanças súbitas de humor, comportamentos regressivos e/ou agressivos, sonolência excessiva, perda ou excesso de apetite.
  • Baixa autoestima, insegurança, comportamentos sexuais inadequados para a idade, busca de isolamento.
  • Lesões, hematomas e outros machucados sem uma explicação clara ou coerente de como aconteceram.
  • Gravidez na adolescência.
  • Doenças sexualmente transmissíveis.
  • Fugas de casa e evasão escolar.
  • Medo de adultos estranhos ou conhecidos, de escuro, de ficar sozinho e de ser deixado próximo ao potencial agressor.

Lembrando que a violência sexual contra crianças e adolescentes esta presente em todas as classes sociais e composições familiares, contrariando mitos de que ele ocorre apenas em famílias pobres e disfuncionais.

E uma vez que crianças ou adolescentes foram vítimas de abuso, quais são os possíveis IMPACTOS?  

As consequências do abuso podem acompanhar crianças e adolescentes pela vida toda. Nem sempre os impactos são visíveis ou imediatos.

Dentre os impactos físicos, podemos citar:

  • Doenças sexualmente transmissíveis
  • Lesões ou hematomas físicos
  • Gravidez precoce e indesejada

Outras consequências menos visíveis mostram que vítimas de abuso sexual também podem com frequência sofrer de:

  • Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
  • Problemas de saúde emocional como depressão, ansiedade, pânico, transtornos alimentares e distúrbios sexuais e do humor
  • Maior tendência ao uso ou abuso de álcool, drogas e outras substâncias
  • Evasão ou prejuízo escolar
  • Dificuldade de confiar e se envolver afetivamente com outras pessoas

QUER SABER MAIS?

Confira nossa página com uma seleção de muitos filmes sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes!

E na nossa seção de publicações, você encontra muitas referências de conteúdos institucionais e de parceiros respaldados em extensas pesquisas sobre o tema.

A informação é fundamental para garantir a proteção de crianças e adolescentes. Conhecer sobre essa violência, seus sinais e suas consequências é o primeiro passo para ficarmos alertas a situações de risco e sabermos como agir para garantir a segurança dessas pessoas.

Como denunciar abuso?

Sempre que suspeitar ou tiver conhecimento que alguma criança ou adolescentes está sendo vítima de violência sexual, nosso dever é acionar as autoridades. Denuncie! DISQUE 100!

E lembre-se: se a criança ou adolescente pedir ajuda, acolha, acredite e não julgue.


QUAIS SÃO OS CUIDADOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL?

É muito impactante quando desconfiamos ou confirmamos que uma criança ou adolescente próximo do nosso convívio tenha sido vítima de abuso sexual. Muitas vezes ouvimos sem saber como agir ou o que fazer. Dependendo da forma como a violência se deu, o autor e do tempo que a criança ou adolescente está nessa situação, serão necessários alguns serviços médicos, sociais e psicológicos para apoiá-lo. E cada um deles tem um papel importante.

Se a criança ou adolescente pedir ajuda, nosso papel é acolher, acreditar e não julgar.

  1. Ouça com atenção e respeito. Evite fazer perguntas sobre detalhes que a façam reviver a violência.
  2. Acredite no que a criança ou adolescente esteja falando e tente deixar ela tranquila.
  3. Não culpe a criança ou adolescente ou sugira que o abuso possa de alguma forma ter sido culpa dela.
  4. Ajude a encontrar recursos e procure apoio de diferentes serviços – inclusive os que vão garantir a segurança da vítima e a responsabilização do agressor.

 A Childhood Brasil desenvolveu uma série de vídeos educativos para cada serviço em relação a Lei de Escuta Protegida (Lei 13.431/2017). Saiba como cada serviço deve agir:

  

SOBRE O FILME

 

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