Denúncias anônimas de crimes na internet passam de 180 mil em 2014
As queixas foram escritas em oito idiomas e tiveram um aumento de 8,29% em relação a 2013.
Em 2014, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos (CND) da SaferNet Brasil recebeu e processou 189.211 denúncias anônimas, envolvendo 58.717 páginas diferentes na web, das quais 7.092 foram removidas. As denúncias foram escritas em oito idiomas e hospedadas em 9.066 hosts diferentes, conectados à internet através de 6.427 números IPs distintos, atribuídos para 63 países, em cinco continentes.
Em comparação com o ano de 2013, o número de novas páginas denunciadas teve um aumento de 8,29%. De acordo com as estatísticas, houve um aumento de 34,15% nas denúncias de páginas apontadas como racistas e 365,46% nas denúncias de conteúdos supostamente relacionados à xenofobia.
A maioria dessas páginas foi criada no período eleitoral: entre o início no dia 06 de julho e a semana seguinte à divulgação do resultado do segundo turno das eleições. Em apenas um dia (27/10 – dia seguinte ao resultado final da eleição presidencial) foram recebidas 10.376 denúncias anônimas contra 6.909 links diferentes apenas nas redes sociais – um recorde histórico para um único dia desde 2006.
“Esse grande número de denúncias comprovam que a sociedade brasileira está vigilante e não irá tolerar manifestações de extremismo e preconceito contra as minorias nas redes sociais”, destaca Thiago Tavares Nunes de Oliveira, presidente da SaferNet Brasil.
Também chamou a atenção que, as denúncias envolvendo páginas suspeitas de Tráfico de Pessoas aumentaram 192,93% em comparação com 2013. A maioria das páginas denunciadas nesta categoria em 2014 fazia alusão ao agenciamento de pessoas para a prostituição, incluindo adolescentes, durante a Copa do Mundo, especialmente para as cidades-sede São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza.
Sexting: vazamento de fotos íntimas
· Dentre os 1225 pedidos de ajuda e orientação psicológica atendidos pela SaferNet Brasil em 2014, 222 foram relacionados a casos de sexting, o que significa um aumento de 119,8% em relação ao ano de 2013, quando foram atendidos 101 casos.
· Gênero: o sexting no Brasil continua sendo um problema de gênero. Meninos e meninas produzem e compartilham imagens intimas, mas são as mulheres quem mais sofrem com o problema e pedem ajuda. Em 2014, 81% dos casos atendidos as vítimas eram mulheres, 16% homens e 3% não identificados.
· Idade: 53% das vítimas têm até 25 anos de idade (25% são menores de idade, entre 12 e 17 anos, e 28% tem entre 18 e 25 anos); 39% das vítimas tem acima de 25 anos e 8% não forneceram a idade.
Cyberbullying
· Em 2014, a SaferNet Brasil atendeu 177 casos de cyberbullying.
· A maioria dos pedidos de ajuda e orientação nessa categoria refere-se a situações de humilhações e intimidações repetitivas através de redes sociais e dispositivos móveis.
Tráfico de pessoas
Em 2014, a SaferNet Brasil recebeu e processou 3.084 denúncias anônimas de tráfico de pessoas envolvendo 1.821 páginas (URLs) distintas (das quais 196 foram removidas) hospedadas em 329 hosts diferentes, conectados à internet através de 400 números IPs distintos, atribuídos para 20 países, em três continentes.
Houve um aumento de 192,93% nas denúncias de páginas supostamente relacionadas ao tráfico de pessoas em relação a 2013. A maioria das páginas denunciadas nesta categoria fazia alusão ao agenciamento de pessoas para a prostituição, incluindo adolescentes, para as cidades-sede da Copa do Mundo, especialmente São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza.
Pornografia infantil
Em 2014, a SaferNet Brasil recebeu e processou 51.553 denúncias anônimas de Pornografia Infantil envolvendo 22.789 páginas (URLs) distintas (das quais 3.283 foram removidas) hospedadas em 7.018 hosts diferentes, conectados à internet através de 5.438 números IPs distintos, atribuídos para 54 países, em cinco continentes.
Embora o ranking de denuncias no Brasil continue liderando por nove anos consecutivos, em 2014 houve uma redução de 8,82% no número de páginas novas denunciadas em relação ao crime de pornografia infantil e pedofilia.
Contribuiu para esta redução a maior cooperação entre os 48 países membros do INHOPE , associação internacional de canais de denúncia, na detecção e remoção das imagens de abuso sexual infantil, antes destas imagens serem disponibilizadas nas redes sociais.