Conheça projetos que capacitam profissionais que lidam com crianças e adolescentes em seu dia a dia
*Série sexualidade na escola
Os profissionais que trabalham na rede de proteção da infância e da adolescência precisam estar capacitados para saber como agir tanto na prevenção da violência quanto na identificação e notificação de casos.
Conheça um projeto desenvolvido pela Childhood Brasil e dois projetos apoiados pela organização que trabalham com esses profissionais:
Laços de Proteção
Desde 2005, este Projeto da Childhood Brasil capacita diferentes agentes públicos, como Conselheiros Tutelares e de Direitos, gestores das secretarias municipais de educação, saúde, esporte e assistência social e representantes de organizações sociais, por meio de aulas, oficinas e palestras sobre violência doméstica e sexual, desenvolvimento sexual, leis nacionais e internacionais, entre outros temas. O projeto começou em São José dos Campos, em São Paulo, em parceria com a Prefeitura e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) com o nome de Refazendo Laços, mas já se expandiu para 21 municípios e já capacitou cerca de 2,5 mil profissionais do Sistema de Garantia de Direitos de crianças e adolescentes.
Em Pernambuco, o Laços de Proteção desenvolve a capacitação de profissionais da rede municipal de educação em sete cidades do litoral sul e em dois municípios de Zona da Mata. O objetivo é que exista um alinhamento dos conceitos e metodologias sobre a violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes, para a prevenção, a notificação e o encaminhamento dos casos. Nestas regiões, foram realizados 14 cursos para os profissionais da área de educação e nove oficinas para o Sistema de Garantia de Direitos em Pernambuco, para 977 profissionais dos Conselhos de Direitos e Tutelares, Saúde, Educação, Ministério Público, Poder Judiciário, sociedade civil organizada e secretarias municipais.
Saiba mais sobre o projeto nestes dois posts:
“O Refazendo Laços tornou-se um projeto de referência para os profissionais do município e região quando o tema é violência contra a criança e o adolescente”, diz Fábio Sergio do Amaral, psicólogo e coordenador do projeto. “O projeto foi essencial para a inserção dessa temática no planejamento anual das Secretarias Municipais de São José dos Campos”, diz.
Núcleo Direitos Humanos – Casa da Arte de Educar
O projeto tem como objetivo a inserção do escopo dos direitos da infância e do adolescente à formação dos educadores da Casa da Arte de Educar, o chamado Núcleo de Direitos Humanos.
A Casa da Arte de Educar é uma organização criada no Rio de Janeiro há 13 anos a partir da união de educadores de duas favelas – Mangueirinha e Macacos – com profissionais acadêmicos. O foco é desenvolver pesquisas e metodologias educativas que garantam a formação integral de crianças, jovens e adultos dessas regiões, por meio da associação entre técnicas formais e não-formais de educação. Com essa perspectiva, a organização desenvolveu sua própria metodologia, a Mandala dos Saberes, que justamente associa o conhecimento local e comunitário ao acadêmico.
A parceria entre a Casa da Arte e a Childhood Brasil começou em 2011 com o apoio para a implantação do Núcleo de Direitos Humanos. O projeto também busca fortalecer a rede de proteção de crianças e adolescentes, no âmbito da educação, por meio de seis encontros formativos com educadores das duas favelas onde serão discutidos os aspectos históricos, conceituais, jurídicos, pedagógicos e metodológicos do enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes.
A capacitação nesta temática permitirá tanto o reconhecimento dos casos de violência, quanto para fazer o encaminhamento apropriado. Além disso, será possível enxergar a capacidade de trabalhar em rede, junto aos diversos órgãos e atores, que compõem o sistema de proteção da criança e do adolescente.
O Instituto Noos também faz parte deste projeto oferecendo terapia familiar às famílias atendidas pela casa.
De acordo com Lolla Azevedo, coordenadora pedagógica da Casa da Arte de Educar, é muito importante os educadores estarem preparados e informados para lidar com o tema em sala de aula. “Com o nosso trabalho, o professor já consegue enxergar situações críticas e passa a ter mais recursos para intervir”, diz.
Aproximadamente 60 educadores já passaram pelas atividades do projeto.
Viver a Sexualidade Saudável – Terra dos Homens
O projeto da Associação Brasileira Terra dos Homens é realizado com o apoio da Childhood Brasil na comunidade da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na baixada fluminense, que tem 25 mil habitantes e é a principal origem de crianças e jovens em situação de rua que vivem no Rio de Janeiro.
Com o objetivo de informar e refletir sobre a violência sexual de crianças e adolescentes, o Viver a Sexualidade Saudável tem trabalhado diretamente com todos os atores das escolas: alunos, educadores, coordenação e outros profissionais da rede escolar, por meio de esquete teatrais e formações.
O objetivo ao trabalhar com profissionais da rede escolar é habilitá-los a identificar e lidar com possíveis casos em sala de aula. De acordo com Luciano Ramos, assistente técnico do Centro de Formação da Terra dos Homens, é importante trabalhar o tema da violência sexual contra crianças e adolescentes com os educadores porque, depois da família, é com eles que as crianças mais convivem. “A escola é um espaço de cuidado da criança. É preciso que os educadores saibam identificar se há algo estranho com os alunos”, diz.
Mais de oito escolas na comunidade da Mangueirinha já foram beneficiadas.
Veja os demais posts da série “Sexualidade na Escola”: