Concurso Tim Lopes estimula maior capacitação do jornalista na investigação da violência sexual infantojuvenil
O objetivo do Concurso Tim Lopes é contribuir para a ampliação e qualificação da cobertura jornalística sobre abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, dando ênfase à discussão das políticas públicas para a prevenção e o atendimento dos meninos e meninas vítimas desta grave violação de direitos. Ao contrário de outras premiações, o Tim Lopes não analisa as reportagens já publicadas, mas projetos jornalísticos sobre o tema. A idéia é aumentar a qualidade da produção das matérias veiculadas, participando desde o início da elaboração da pauta. “A imprensa pode ajudar a transformar o cenário da violência sexual no país, resultado de uma cultura machista que, muitas vezes, prioriza o adulto nas políticas públicas”, afirma Daniel Gonçalves de Oliveira, gerente do Núcleo de Mobilização da ANDI.
O Concurso Tim Lopes é realizado a cada dois anos e os jornalistas podem inscrever-se em cinco categorias: Mídia Impressa (jornais e revistas), Rádio, Televisão, Mídia Alternativa (jornais, rádios e TVs universitários ou comunitários) e Temática Especial (o melhor projeto em qualquer uma das mídias). As propostas inscritas são avaliadas por uma equipe de especialistas nas áreas de comunicação e jornalismo, e em violência sexual infantojuvenil. Os profissionais premiados recebem uma ajuda em dinheiro, que geralmente serve para cobrir as despesas da produção das suas matérias.
A comissão julgadora do Concurso avalia vários critérios de qualidade. Um deles é o tratamento dado às fontes e principalmente à vítima na elaboração da reportagem, a forma como sua imagem é exposta e como é realizada a entrevista para não causar mais danos psicológicos, represálias de grupos criminosos ou gerar preconceito na comunidade. Também são analisadas na reportagem: a qualidade das fontes (se traz especialistas ou responsáveis do poder público); se cita políticas públicas, legislação, e se propõe soluções.
Além do apoio técnico e financeiro, os jornalistas vencedores passam por oficinas de capacitação e seminários nos quais recebem a consultoria de especialistas com dicas para melhor executar suas propostas. Eles também têm que cumprir uma data determinada para divulgar a sua reportagem.
O número de trabalhos inscritos e a qualidade das matérias divulgadas têm aumentado a cada edição do Concurso Tim Lopes. Na 5ª edição, finalizada em 2010, foram 120 projetos, com a novidade da participação de profissionais da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. “Além de contribuir para a produção de matérias mais aprofundadas no Brasil, estamos também replicando a metodologia para outros países da América Latina e colaborando para melhorar qualidade do jornalismo internacional”, afirma Daniel Gonçalves.
O impacto gerado pelas matérias divulgadas depois da classificação no Concurso Tim Lopes é cada vez mais positivo. Este ano, por exemplo, o trabalho do jornalista Wendell Rodrigues, da TV Correio da Paraíba recebeu o prêmio Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) de Direitos Humanos, e a repórter Fabiana Maranhão, do JC online de Pernambuco, conquistou o Wladimir Herzog.
“Além do tema ganhar mais espaço e visibilidade em todos os veículos de imprensa, percebemos que a qualidade das reportagens evoluiu muito, porque os jornalistas participantes também influenciam seus colegas nas redações”, diz Daniel. O Concurso Tim Lopes também tem colaborado para a investigação de denúncias locais e a formulação de políticas públicas preventivas.
Conheça as matérias vencedoras do Concurso Tim Lopes:
http://www.childhood.org.br/programas/concurso-tim-lopes-de-investigacao-jornalistica