Grandes Eventos
e Infância

O que grandes eventos, como carnaval, grandes festivais de música, São João, Mundial de Futebol e Jogos Olímpicos e Paralímpicos, têm a ver com a proteção da infância e da adolescência? Simples: o grande fluxo de turistas nacionais e estrangeiros aumenta os riscos de exploração sexual de crianças e adolescentes. Essa informação foi confirmada por uma pesquisa realizada pela Brunel University London, intitulada “Exploração de Crianças e Adolescentes e a Copa do Mundo: uma análise dos riscos e das intervenções de proteção”. Segundo a pesquisa, os fatores de risco são:

  • Ritmo acelerado de construções, com a chegada de um contingente alto de homens separados de suas famílias.
  • Alta demanda de trabalhos temporários.
  • Deslocamento de crianças dos seus lares para locais temporários e desconhecidos.
  • Extensão das férias escolares ou suspensão de dias letivos (por causa dos jogos) sem supervisão ou programação especial.
  • Coerção sobre crianças para atividades ilegais, como venda de drogas e roubo.
  • Níveis elevados de abuso sexual e físico por causa do aumento de atividades festivas.
  • Efeitos negativos na saúde física e mental das crianças, causados por doenças contagiosas, caso sejam abusadas ou forçadas a usar drogas.

Algumas ações que realizamos durante grandes eventos:

MUNDIAL DE FUTEBOL 2014

Durante o Mundial no Brasil, em 2014, colocamos em prática lições aprendidas na Copa das Confederações 2013.

As principais estratégias adotadas durante o evento incluíram:

  • Organização de uma força-tarefa composta de gestores públicos, conselheiros tutelares, conselheiros de direito, profissionais da assistência social, saúde, educação, esporte, lazer, cultura e turismo.
  • Realização de plantões técnicos para atender casos de violação de direitos.
  • Manutenção de uma equipe móvel para fiscalizar e coibir atos de violência.
  • Criação de espaços de convivência para atividades com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade próximo dos locais dos jogos e de eventos festivos.

Além disso, a Childhood Brasil lançou a campanha #BrasilNaDefesaDaInfancia, com foco em proteger crianças e adolescentes contra a exploração e o abuso sexual durante o Mundial de Futebol de 2014. A campanha contou com a participação dos jogadores da seleção brasileira Neymar Jr. e Daniel Alves.

O Projeto Grandes Eventos e Infância alcançou resultados que deixaram um legado positivo para a infância durante o Mundial de Futebol. Os 12 comitês locais de proteção à infância, que foram criados e continuam atuantes nas cidades-sede do Mundial, são um bom exemplo disso.

JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016

Em 2015, a Childhood Brasil foi convidada pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 para trabalharem juntos pela proteção de crianças e adolescentes durante o evento que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro.

Um termo de cooperação técnico marcou o compromisso da Childhood Brasil com as seguintes frentes:

  • Liderar e facilitar Rodadas Temáticas de proteção a crianças e adolescentes durante os Jogos Rio 2016, com organizações da sociedade civil e do governo local.
  • Desenvolver estratégias para a comunicação da causa para o público que realizaria e participaria dos Jogos.
  • Mobilizar as redes hoteleiras em ações e campanha de proteção à infância e à adolescência, em especial, contra a exploração sexual.

Na ocasião, foram organizadas 12 Rodadas Temáticas de proteção à infância e adolescência. As discussões foram colocadas em prática na forma de diversas ações, como a escampanha “Passaporte Verde”, que trouxe a proteção de crianças e adolescentes como tema e atingiu mais de 5 milhões de pessoas. E a capacitação no setor de turismo sobre proteção de crianças e adolescentes de nove consultores do Sebrae, que, por sua vez, foram responsáveis por formar 31 hotéis e pousadas no Rio de Janeiro e nas principais cidades turísticas da região.

Além disso, outro importante resultado do trabalho das Rodadas Temáticas foi a incorporação de algumas medidas na operação dos Jogos. Ou seja, diferentes áreas do Comitê Organizador Rio 2016 observaram quais operações poderiam apresentar riscos para crianças e adolescentes e, a partir disso, desenvolveram algumas medidas para enfrentá-las.

Conheça algumas:

  • Criação de uma política de segurança específica para casos de violação dos direitos de crianças e adolescentes, com foco em exploração e abuso sexual e violência/agressão.
  • Criação de um fluxo de comunicação e procedimentos para identificação de suspeita de crimes contra crianças e adolescentes.
  • Inclusão do tema de proteção de crianças e adolescentes no Guia de Sustentabilidade para Cidades do Revezamento da Tocha (julho/2015) e no Guia de Sustentabilidade para Cidades do Futebol (junho/2016): o conteúdo para esse tema foi oferecido pela Childhood Brasil.

Dessa forma, a atuação da Childhood Brasil nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 teve como principais contribuições: facilitar a proteção de crianças e adolescentes como parte da operação dos Jogos, articular ações de comunicação para despertar o olhar das pessoas para a proteção de crianças e adolescentes, e construir um legado de proteção da infância que perdure após a realização dos Jogos.

Para saber mais, acesse o relatório Proteção de Crianças e Adolescentes durante os Jogos Olímpicos & Paralímpicos Rio 2016, que apresenta as principais experiências e recomendações para proteção de crianças e adolescentes em grandes eventos: clique aqui

PESQUISAS E PUBLICAÇÕES

Realizamos em 2012 o relatório Prevenção e Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Contexto Mundial, um mapa das ações e discussões empreendidas pelos governos federal, estaduais e municipais e a articulação de organizações da sociedade civil para enfrentar a violência sexual contra meninos e meninas nos preparativos da Copa e durante a competição.

Pesquisa lançada pela Brunel University em 2013, a Exploração de Crianças e Adolescentes e a Copa do Mundo: uma análise dos riscos e das intervenções de proteção. Primeira pesquisa realizada em âmbito internacional sobre a temática, ela acessou aproximadamente 300 publicações, relatórios e sites, e mais de 70 especialistas de diferentes organizações não governamentais e governamentais.

Confira aqui as publicações produzidas e apoiadas pela Childhood Brasil.