Como fazer cobertura jornalística sobre temas que envolvem violação dos direitos de crianças e adolescentes?

O jornalista ao abordar questões voltadas aos direitos de crianças e adolescentes, denunciar abusos e violências e ainda cobrar políticas públicas eficientes tem um papel de grande responsabilidade. A Childhood Brasil orienta os profissionais da imprensa no  desafio de produzir matérias sobre temas, muitas vezes, incômodos e que envolvem os direitos humanos.

Um jornalista ético sabe que deve sempre ouvir todos os lados de uma mesma história. No caso de violência sexual, estamos falando de vítimas, abusadores, familiares e especialistas. Crianças e adolescentes vítimas dessa violação devem ser tratadas com cuidado e respeito. A melhor opção é ir atrás de informações para entender melhor o assunto, além de sempre consultar especialistas sobre o tema.

Crimes sexuais contra crianças e adolescentes têm forte apelo emocional e levantam a ira da opinião pública. Os profissionais de imprensa devem redobrar a atenção ao tratar de suspeitas e acusações de abuso e exploração sexual para que não cometam equívocos ou façam uma cobertura baseada apenas em boletins de ocorrência

Além do cuidado com sensacionalismo e julgamento precipitados, que podem ocasionar sérios danos à imagem e à integridade física de uma pessoa. O acusado só pode ser considerado abusador em casos de flagrante, de confissão ou quando a sentença já estiver determinada.

Confira outras dicas importantes:

    • O jornalista nunca deve usar crianças e adolescentes em reportagens para perguntar sobre a violência sofrida. Isso gera “revitimização” e sofrimento, além de uma exposição desnecessária na mídia que pode, até mesmo, colocar a vida delas em risco. Mesmo que nomes e vozes sejam ocultadas, há outras informações como cidade, rua, fachada da residência, que podem identificar a vítima, violando os seus direitos.

 

    • O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a preservação da imagem. A tarja preta nos olhos não deve ser usada porque remete à marginalidade e não impede o reconhecimento da pessoa. Algumas alternativas a imagem: . Imagens de objetos e situações que remetam à infância; Silhuetas refletidas em superfícies capazes de distorcer formas. Ou Sombras explorando perfil.

 

    • Para os textos jornalísticos, a terminologia usada exige muita atenção para não apelar para o sensacionalismo e não prejudicar o entendimento do fenômeno. Por exemplo, meninos e meninas são sempre vítimas exploração sexual e nunca de prostituição, que é exercida apenas a partir da escolha consciente de adultos que conhecem as consequências de comercializar o próprio corpo. O termo menor também não deve ser utilizado para falar sobre crianças e adolescente. Veja outros termos no Glossário.

 

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