Childhood Brasil realiza oficina sobre abuso sexual na Bahia
De 25 a 27 de novembro, as cidades de Santa Cruz Cabrália, Eunápolis e Porto Seguro receberam a “Oficina de Formação Continuada para Profissionais do Sistema de Garantia de Direitos da Bahia”. A Oficina é uma das ações do Projeto Proteção em Rede na Bahia, desenvolvido pela Childhood Brasil, em parceria com as empresas Stora Enso, Veracel, Instituto Tribos Jovens, prefeituras e conselhos municipais de direitos das crianças e adolescentes das três cidades.
Identificar os sinais de abuso sexual contra crianças e adolescentes, acionar uma rede de proteção de forma integrada e encaminhar os casos para um atendimento adequado das vítimas e suas famílias, foram os principais pontos de discussão em quatro horas de reunião da Oficina.
De acordo com a Coordenadora de Programas da Childhood Brasil e responsável pelo projeto, Gorete Vasconcelos, em apenas oito meses de execução já podem ser vistos resultados significativos para o fortalecimento de políticas públicas de proteção às crianças e adolescentes nas cidades da na região da Costa do Descobrimento da Bahia. “Um passo muito importante para que esse trabalho tenha legitimidade já foi alcançado com a criação de Comitês Gestores em cada um desses municípios, representado pelo poder público e sociedade civil, com o objetivo de elaborar e implantar os Planos Municipais de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes”, revela Gorete.
Para debate da pauta, a equipe técnica responsável pela oficina usou métodos e dinâmicas de integração entre os participantes, preparando o grupo para o vídeo sobre abuso sexual, que abriu a reunião. Segundo Roseane Morais, consultora da Childhood Brasil na Coordenação do Projeto, “por se tratar de um tema polêmico que reflete conflitos familiares, há indignação da própria população ao falar sobre o assunto. Vale destacar também que ainda existem muitos desafios para garantir uma atenção continuada às crianças, adolescentes e suas famílias”.
No período da tarde, após as Oficinas de Formação Continuada, também foram realizadas reuniões de articulação e encaminhamentos para os grupos dos comitês gestores dos três municípios baianos. Segundo a Assistente Social da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, de Santa Cruz Cabrália, Vania Araújo, que participou de todo o processo de formação do comitê gestor, esses encontros são imprescindíveis para discutir o papel dos comitês e iniciar um trabalho sério e responsável com a causa. “Estamos tendo a oportunidade de articular, numa mesma rede, atores diferentes da sociedade e de outros setores como o ministério público, segurança, secretarias municipais, entre outros profissionais. Todos com o mesmo objetivo que é diminuir o índice de abuso e exploração na nossa região, considerando que somos um grande polo turístico na Bahia”, diz Vania.
Na opinião da educadora social Tania Maciel (Tamikuã), liderança indígena representante da Aldeia Pataxó Mata Medonha, em Santa Cruz Cabrália, a exploração sexual no turismo não é o único agravante na região. “Para o povo indígena a situação é ainda mais preocupante, pois nossos costumes e tradições são bem diferentes da população urbana. Aqui a violência é evidenciada não somente contra crianças, mas também contra as mulheres índias que muitas vezes são rotuladas como símbolo sexual. Por isso, a criação de uma Rede de Proteção é a melhor maneira de tentar mudar essa realidade”, ressalta Tania.