Childhood Brasil promove capacitação de entrevista forense com especialistas norte-americanos

O Centro Nacional de Defesa da Criança dos Estados Unidos – NCAC, trouxe para o Brasil a metodologia adotada desde 1985 para o depoimento especial de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, em evento promovido pela Childhood Brasil, de 2 a 5 de abril, com o apoio do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O curso para capacitação de 40 magistrados e servidores de 30 comarcas teve como um dos coordenadores o diretor-executivo do NCAC, Chris Newlin, acompanhado de outras duas professoras norte-americanas da instituição, Linda Cordisco Steele e Andra Chamberlin. “Com a experiência bem sucedida do NCAC nos Estados Unidos e em mais 20 países, Newlin nos dá suporte e subsídios para a criação de um modelo brasileiro de entrevista judicial”, afirmou Itamar Gonçalves, Gerente de Programas da Childhood Brasil. Ele explica que os profissionais das Comarcas do Rio Grande do Sul são os primeiros a participar do treinamento do NCAC, já que mais da metade das 43 salas de depoimento especial existentes no País, estão instaladas neste estado.

Fundada em 1985, a organização norte-americana fornece serviços de treinamento, prevenção, intervenção e tratamento para o enfrentamento contra maustratos às crianças e adolescentes. Hoje, o NCAC integra uma rede de mais de 800 centros nos Estados Unidos que preparou mais de 70.000 profissionais, em todos os estados americanos e cerca de 20 países.

O NCAC criou o modelo do Child Advocacy Centre, CAC (Centro de Defesa da Criança), programa com instalações físicas e dirigido à comunidade, por meio de uma abordagem multidisciplinar para lidar com pesquisa, tratamento e denúncia de casos de maus tratos. A proposta é que a vítima receba todo tipo de atendimento em um único local e seja ouvida de forma diferenciada e protegida, em um ambiente mais agradável e acolhedor que uma sala de audiência.

Segundo Newlin, o Brasil apresenta um progresso significativo nos últimos cinco anos, com a instalação de mais de 40 salas de depoimento apropriadas, com ambiente seguro para a criança relatar o crime. “Os brasileiros identificaram que os maus tratos na infância representam um problema grande no País, o que constrói o primeiro passo para o desenvolvimento de mudanças positivas para o bem estar das crianças”, afirmou.  “Esperamos que estas salas possam ser expandidas, sob a coordenação de equipes multidisciplinares para atender crianças de todo o País. Queremos ajudar a garantir que os profissionais conduzirão as entrevistas com tanta qualidade quanto aquela do local instalado”.

O diretor do NCAC explicou que, nos Estados Unidos, os profissionais responsáveis pelas entrevistas judiciais vêm de diferentes áreas, mas todos passam pelo curso básico para colher o depoimento especial e recebem educação continuada sobre abuso sexual e entrevista forense.  Eles também devem participar de uma revisão de pares e uma supervisão para desenvolver suas habilidades. A NCAC oferece capacitação básica e avançada, bem como a extensão do treinamento.  “Esperamos que um sistema similar de formação e educação continuada seja desenvolvido no Brasil para todos os profissionais da área”, concluiu Chris Newlin.

Os participantes do curso de entrevista forense em Porto Alegre tiveram acesso às pesquisas mais recentes de técnicas de entrevista para o depoimento especial de crianças, gravações de entrevistas forenses, temas relacionados ao desenvolvimento infantil, estratégias de entrevistas, memória e sugestionabilidade de crianças, ferramentas e as opções de abordagem para meninos com maior dificuldade para falar, além da promoção de redes de contato.

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