A vulnerabilidade de crianças e adolescentes na era da internet
A internet e as novas tecnologias de informação trouxeram um sem-fim de novidades e possibilidades para uma grande parcela da população mundial. Segundo dados da União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês), divulgados no fim de 2008, naquela época já eram mais de 1,5 bilhão de usuários de Internet, entre redes fixas e móveis, em todo o planeta.
No Brasil, em pesquisa divulgada em junho de 2010 pela Ibope Nielsen Online, somos 37,3 milhões de usuários. E, pasme, segundo o mesmo estudo, o número de acesso entre internautas brasileiros de 2 a 11 anos de idade cresceu 27% entre maio de 2009 e o mesmo mês em 2010.
O incremento do acesso à rede aumentou também, infelizmente, os casos de violações dos direitos humanos pela internet e tem exposto crianças e adolescentes a novas modalidades de violência sexual, como abuso, aliciamento e disseminação de pornografia infantojuvenil on-line, e ao cyberbullying. Criada em 2005 com a missão de promover e proteger os direitos humanos na Internet, a Safernet trabalha em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. As três entidades operam a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos (www.denunciar.org.br), em cooperação com o Ligue 100, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH). O próprio site da Safernet (www.safernet.org.br) abriga esse canal de denúncias, totalmente anônimo, pelo qual recebe relatos apenas sobre violações cometidas em sites, blogs, redes de relacionamento e demais conteúdos on-line.
“Temos atuado com o objetivo de contribuir para que as novas tecnologias de informação sejam usadas, pela sociedade brasileira, com o máximo de respeito pelos direitos humanos”, afirma o diretor de prevenção da Safernet, o psicólogo Rodrigo Nejm. “Lamentavelmente, desde o início do trabalho, temos recebido mais denúncias de casos de violação contra os direitos da criança.” Entre 1° de junho e 1° de julho de 2010, foram 1779 notificações de pornografia infantil, por exemplo.
“Além desse trabalho de denúncia e apoio ao combate dos crimes cibernéticos, desenvolvemos programas de prevenção e educação a fim de promover o uso ético e responsável dessas tecnologias e minimizar as vulnerabilidades que levam as crianças a serem vítimas de tais crimes”, conta Rodrigo. A Safernet oferece, então, oficinas para a formação de educadores, distribuição de kits pedagógicos com conteúdos que ajudam a inclusão do tema nas salas de aula, concurso e projetos engajando os próprios jovens internautas para que se mobilizem em prol da segurança deles mesmos e dos seus pares – como concursos de vídeos e desenhos – e campanhas, a exemplo do Dia Nacional da Internet Segura (9 de fevereiro), ao lado de outras organizações.