Quais fatores podem levar à violência sexual?
Casos de violência sexual contra crianças e adolescentes ganham cada vez mais espaço nos noticiários brasileiros. O espaço na mídia reflete tanto o aumento das denúncias recebidas pelos canais disponíveis (Disque Direitos Humanos, a Central Nacional de Crimes Cibernéticos e os Conselhos Tutelares, dentre outros) como uma maior indignação e articulação da sociedade civil. Segundo o Ministério da Saúde, em 2011 foram registradas 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos. A violência sexual contra crianças de até nove anos representa 35% das notificações, ficando atrás das denúncias de negligência e de abandono, com 36% dos registros.
A violência sexual pressupõe o abuso do poder onde crianças e adolescentes são usados para gratificação sexual de adultos, sendo induzidos ou forçados a práticas sexuais. Essa violação manifesta-se por meio do abuso e da exploração, quando a relação sexual é intermediada por uma troca financeira, de favores ou de presentes.
A violência sexual é uma das violações mais graves e normalmente traz a reboque outras violências. A complexidade desse fenômeno é atribuída a uma série de fatores sociais, culturais e econômicos. Não existe uma causa singular e nem uma relação de causa e efeito. Além disso, a abordagem do tema envolve vários tabus e seu enfrentamento também passa pela disseminação de informação de qualidade.
Para provocar uma discussão mais aprofundada sobre o tema, a Childhood Brasil conversou com diferentes especialistas.
A partir de amanhã, a série As multicausalidades da violência sexual contra crianças e adolescentes de quatro posts discutirá as causas da violência sexual, tanto no aspecto do abuso quanto da exploração.
O primeiro post da série vai apresentar um panorama da construção social da infância, o segundo vai discutir as principais causas, enquanto o terceiro abordará o tema da sexualidade. Para fechar, o quarto post traz uma entrevista com o psicólogo e doutor em Saúde Coletiva, Marcos Nascimento. Ele vai falar sobre as relações de gênero e a importância de envolver o homem no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.