Escritora americana relata sua história de superação depois do abuso sexual
Quando tinha apenas cinco anos de idade, a escritora norte-americana Louise L. Hay foi abusada sexualmente por um velho vizinho bêbado. O homem foi condenado a 15 anos de prisão, mas as lembranças do trauma vivido não se apagaram facilmente. Depois da agressão sofrida, Hay conta que, ao invés de ser acolhida pelos adultos, ouvia muitas pessoas repetirem com freqüência que a culpa era dela. “Passei muitos anos temendo que quando o velho bêbado fosse libertado iria voltar e me pegar, por eu ter sido tão má a ponto de colocá-lo na cadeia”.
Em seu livro “Você pode curar sua vida – como despertar idéias positivas, superar doenças e viver plenamente”, a escritora conta sua própria história de coragem para conseguir superar as agressões sofridas na infância. “A maior parte de minha infância foi passada suportando tanto abusos físicos como sexuais, entremeados de muito trabalho pesado. Minha autoimagem foi ficando cada vez pior e poucas coisas pareciam dar certo para mim”.
Quando completou 15 anos, resolveu que não podia mais agüentar os abusos sexuais e fugiu de casa e da escola. A falta de segurança e valorização própria, no entanto, a fez expressar esse padrão derrotista no mundo exterior, como se ela não fosse merecedora de felicidade. Dessa forma, Hay começou a se desrespeitar e só atraía coisas ruins. “Estando faminta de amor e afeto, e tendo a menor possível das autoestimas, de bom grado eu dava meu corpo a qualquer homem que fosse gentil comigo”.
Aos 16 anos, Hay engravidou e precisou dar a criança a uma família, porque não tinha a menor condição de criá-la. “Na época, tudo aquilo era só um período vergonhoso que deveria ser esquecido o mais rápido possível”.
“A violência que experimentei quando criança, combinada com o sentimento de não ter nenhum valor, que desenvolvi ao longo dos anos, atraíam para minha vida homens que me maltratavam e frequentemente me agrediam”, relata.
No entanto, pouco a pouco, por causa do sucesso na área do trabalho, Hay começou a sentir-se melhor. Tornou-se modelo de alta-costura em Nova York, mesmo assim se criticava muito, recusando a reconhecer sua própria beleza. Acabou casando-se com um culto cavalheiro inglês, com quem viajou pelo mundo, conheceu a realeza e até jantou na Casa Branca.
“Apesar de ser uma modelo de sucesso e de ter um homem formidável, minha autoestima ainda era pouca e continuou assim por muito tempo, até eu começar o meu trabalho interior”.
Depois de 14 anos de casamento, quando ela começava a acreditar que as coisas boas podiam durar, seu marido passa a morar com outra mulher. Arrasada, Hay procurou ajuda na Igreja da Ciência Religiosa e fez meditação transcedental na Universidade Internacional de Maharishi, em Iowa. Tornou-se então ministra na igreja, ajudando muitas pessoas. Por causa deste trabalho, teve a inspiração de escrever seu primeiro livro “Cure o seu corpo” e depois da publicação passou a viajar muito dando palestras e cursos. Até que um dia, ela recebeu o diagnóstico de que estava com câncer. “Com meu passado de criança maltratada, onde se incluiu um estupro, não foi de admirar uma manifestação de câncer na área vaginal, mas entrei em pânico total”.
No entanto, por causa do seu trabalho, ela acreditava que o câncer, como muitas doenças, é causado por um profundo ressentimento duradouro. “Eu até então, me recusara a estar disposta a dissolver toda a raiva e ressentimento por causa da minha infância, mas percebi que tinha muito trabalho a fazer”.
Hay entendeu que se fizesse uma operação sem se livrar dos padrões mentais que haviam dado origem à doença, de nada adiantaria. Precisava se libertar e se amar muito mais. Começou a repetir todos os dias olhando para o espelho: “Louise, eu te amo de verdade!”. E percebeu que não estava mais se diminuindo em certas situações como fazia no passado. “Com a ajuda de um bom terapeuta, expressei toda a velha e represada raiva socando almofadas e gritando de ódio, o que me fez sentir muito mais limpa. Comecei a sentir compaixão pelo sofrimento dos meus pais e a culpa que eu atirava neles foi se dissolvendo vagarosamente”.
Hay não precisou ser operada e descobriu que é possível superar a doença e a dor se estamos dispostos a mudar o modo de pensar e agir. “Às vezes, o que parece ser uma grande tragédia se transforma no melhor de nossas vidas. Aprendi isso por experiência própria e passei a valorizar a vida de uma nova maneira e procurar o que era realmente importante para mim”.
Louis L. Hay, tem 83 anos, já escreveu 27 livros e vendeu mais de 10 milhões de exemplares no mundo todo. Quando não está viajando ela adora pintar, praticar jardinagem e dançar.